sábado, 5 de dezembro de 2009

Longe dos humanos

Longe dos humanos,
Embrenho-me na selva
Vagueio de um lado, para o outro
E por momentos repouso,
Num cadeirão de pedra feita
Muito imperfeita,
Aqui repouso e ganho forças
Para as batalhas naturais
Com animais e plantas,
De linguagem diferente,
Na natureza pura e única,
Cada vez mais austera e condenada
Aqui tudo se insulta e nada se ofende
Aqui tudo se estuda
Porque a ciência é natural
É pura, cega e muda,
É aqui, que viajo pelo mundo inteiro
Nas asas do pensamento,
É aqui, que desabafo sem oposição
E muito falo e grito,
Sem perturbar o silencio
É aqui, que serro os dentes
Para morder de raiva
A morte que mata,
Aqui imóvel, castigo e torturo, o poder injusto,
Visível e invisível,
É aqui, que intimo os deuses e os demónios,
E os interrogo da razão, de tantas catástrofes,
E de tantos mortos inocentes,
E nem uns, nem outros, me respondem
E por isso eu digo, são todos iguais!
É aqui, que pergunto ao mar,
Onde jazem as almas, das vidas que rouba
E faz desaparecer?
É aqui que pergunto, a todas as forças do bem e do mal
Para que serve a vida que nos dão?
Se depois nos roubam!
Aqui pergunto tudo, o que não sei,
E ainda hoje, tal como ontem,
Sei apenas, que nada sei.

AUTOR
MANUEL J CRISTINO

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