terça-feira, 4 de janeiro de 2011

O MENDIGO

Outrora, viveu no Mundo das entranhas
E foi igual, a mim, a ti, a eles, a nós…
Chegada a hora, partiu desse mundo,
Rumo ao mundo da Luz,
Onde permaneceu na escuridão
Sobre a protecção, de sua Mãe
Alegre e faminta, deu-lhe de beber
Leite que não tinha,
Nos seus peitos desnutridos!
Aconchegou-o em si,
Entre seus braços esqueléticos
Deu-lhe de comer, do que tinha,
Entre suas mãos vazias,
Carinho, ternura e amor,
Prato de ingredientes de mãe,
Mas isso durou pouco tempo,
Ela não resistiu, ás sevícias da miséria
E sucumbiu...
E o pobre, ficou mais pobre,
Entregue á roleta da vida,
Nos braços de uma Mãe fictícia,
Chamada Mãe Pátria,
Que embora o tenha aceite
Nunca o reconheceu como filho,
Tratando-o sempre, como bastardo,
Não teve direito ao Pão, nem á educação,
E só por instinto sobreviveu,
Frequentou a Universidade da vida,
Formou-se na área Vegetativa
E completou o curso da esperança,
Exerceu com rigor, essa função,
Todos os dias vegeta!
Sem nunca perder o hábito de comer
Valeo-se das escassas esmolas,
Provenientes de mãos generosa
De gente pobre e humilde
Que o mundo inteiro reconhece,
Pela grandeza, da sua generosidade
Persegue as esmolas, porta a porta,
Por entre estradas, montes e montanhas,
Desbrava terras, abre estradas, constrói pontes,
Ergue Castelos e Muralhas,
Serve Clérigo e Nobres, come mágoa bebe dor,
Trabalha e não recebe,
Constrói com seu suor,
Ricos e majestosos Patrimónios!
Grita por justiça e ninguém ouve!
E aos irmãos gémeos das entranhas, eu pergunto?
Se vão ficar indiferente, a tudo isto?
Aos gritos desesperados, deste irmão?
Se vão ficar sentados, na varanda dos Palácio,
A ostentando os pedestais dourados, e em silencio?
Enquanto carne da vossa carne, agoniza na rua,
Sobre as pedras húmidas e frias, da calçada nua!
E se confunde com o lixo, que vocês próprios produzem!
Levantem a cabeça, reforcem essa mente Humana.
E vão procurar nosso irmão,
Por entre os labirintos da Miséria,
Dêem-lhe a mão, não o deixem sucumbir,
Dêem-lhe o resto, do vosso pão,
Do vosso vinho,
Do vosso amor,
Dêem-lhe respeito e compreensão,
E dêem-lhe, só mais um pouco,
Dêem-lhe o resto,
Só o resto, de tudo que vos sobeja!
Que só isso lhe chega, p´ra ser feliz!

AUTOR MANUEL J CRISTINO

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