quarta-feira, 17 de março de 2010

NÃO REGRESSASTE

Não regressaste,
Procurei-te junto ao mar,
Em desespero latente,
Chamei por ti, por onde passei,
E fui escrevendo mensagens,
Com o teu nome gravado,
Nas pedras tristes,
Dos rochedos imponentes,
E nas ondas doiradas,
Da areia da praia, suave e pura,
E fui deixando também,
A mensagem dos meus passos,
Como prova da minha luta,
Na procura da tua vida,
Mas á um momento, que fixei o olhar,
No crepitar das ondas enfurecidas
E embriagado pelo ruído e beleza do nada,
Que me dava o horizonte,
Fiquei estatuo, imóvel,
Como que a dormir acordado,
De olhos, muito abertos!
E imóvel, parti numa corrida louca,
Até ao infinito das minhas recordações,
Onde só restam lápides de memória,
Sem ouvidos, nem olhos!
E de repente acordei, sem ter dormido,
Ao som do grasnar, das malditas gaivotas,
Olho na sua direcção, na direcção do céu,
E ao contemplar, a magia da luz e das aves,
Vi que nessa luz, que brota das estrelas,
A iluminar toda a terra,
Havia algo, que eu nunca tinha visto,
E observei tudo isso, atentamente,
Era uma dança, a dança das aves, da morte,
Sobre a terra e sobre o mar,
Vinha essa dança supersticiosa ,
Que uma voz estranha e muda,
Denunciou, gritando!
Mau presságio! Mau presságio!
Vem ai a dança da morte!
Por ventura, a morte
Dessa vida, que procuras!
Sem nunca mais, a encontrares!
AUTOR